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Gerais

Arcebispo rebate nota de repúdio de entidades católicas e movimentos sociais

04/09/2010 às 11:09

O arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Pagotto, através da assessoria imprensa, decidiu na noite desta sexta-feira (3), prestar esclarecimentos junto à sociedade acerca da notícia divulgada no Portal Correio sobre a nota de repúdio emitida contra ele por entidades católicas e movimentos sociais.

De acordo com a assessoria, o arcebispo gostaria de esclarecer que:

1- Em relação ao plebiscito: apesar de ter o apoio da CNBB, a própria Conferência dos Bispos do Brasil deixou claro para os bispos que eles podem ou não apoiar a realização do mesmo, ou seja, não é uma obrigação;

2- Em relação ao grito dos excluídos: a Arquidiocese não apoia e nem mais organiza, porque nos últimos anos participam do evento entidades de movimentos que são contra dogmas e ensinamentos da Igreja Católica, como por exemplo, aquelas que pedem a descriminalização do aborto e defendem o uso da camisinha.

Diante de tais esclarecimentos, o arcebispo, através da assessoria, afirma não acreditar que esteja descumprindo sua função de pastor, mas, sim, usufruindo do direito que lhe foi concedido pela própria CNBB de não encarar como obrigação a ideia de apoiar todas e quaisquer bandeiras defendidas pelos movimentos sociais.

Confira logo abaixo a manifestação de repúdio enviada à imprensa nesta sexta-feira:

'Entidades ligadas à própria Igreja Católica, a exemplo das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) e a CPT (Comissão Pastoral da Terra), uniram-se à Central Única dos Trabalhadores na Paraíba (CUT-PB), sindicatos e movimentos sociais para repudiar as manifestações do arcebispo Dom Aldo Pagotto contra o Grito dos Excluídos e o plebiscito sobre o limite da propriedade rural no Brasil.

O repúdio foi divulgado nesta sexta-feira através de nota (veja abaixo), na qual as entidades pedem que a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) repreenda o arcebispo “por atitudes de descumprimento de sua função de pastor, cuja missão é de reunir o rebanho, não a de espalhar a cizânia, como vem fazendo contra os pobres, na Paraíba”.

Virando as costas à CNBB, o arcebispo da Paraíba aposta contra o Plebiscito e o Grito dos Excluídos

À Sociedade da Paraíba, à CNBB, ao CONIC e às organizações que patrocinam e organizam o Plebiscito sobre o limite de propriedade da terra e o Grito dos Excluídos.

A Assembléia Popular/PB, as Pastorais Sociais, os Movimentos Populares do Campo e da Cidade e as muitas organizações que, em consonância com as iniciativas assumidas pela CNBB, pelo CONIC e mais de cinqüenta outras entidades da sociedade, de conclamar o Povo brasileiro a participar ativamente do Plebiscito sobre o limite da propriedade da terra, bem como do 16º Grito dos Excluídos e Excluídas, durante a semana de 1º a 7 de setembro vindouro, vêm a público mais uma vez protestar contra as atitudes recorrentes do Arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Pagotto, que, em desacordo com as orientações pastorais da própria CNBB, vem criticando e desestimulando as iniciativas que visem a promover a justiça social, a dignidade e a organização do Povo dos Pobres, os Trabalhadores e Trabalhadoras do campo e das periferias urbanas, as CEBs, a grande maioria das Pastorais Sociais e até padres comprometidos com a causa dos pobres, ao mesmo tempo em que não perde oportunidade para abençoar e defender os interesses dos poderosos, como o fez ainda recentemente, por meio do jornal Correio da Paraíba, em coluna por ele assinada, na qual, ao questionar, desde o título capcioso de seu artigo, o tema do Plebiscito, faz insinuações pejorativas (inclusive de roubo) em relação aos movimentos populares.

Não é a primeira nem a segunda vez que os pobres da Igreja Católica da Paraíba se sentem agredidos por quem tem o dever de ser seu pastor. Há um leque de intervenções agressivas e preconceituosas de Dom Aldo Pagotto contra pessoas e grupos que defendem a causa dos pobres. Ele não apóia o Grito dos Excluídos, desacatando as orientações da CNBB e das próprias dioceses da Paraíba. O Grito aqui é realizado contra a sua vontade. Assim agindo, Dom Aldo Pagotto não apenas desrespeita (até aqui impunemente) as orientações pastorais da CNBB, como, sobretudo, a pedagogia de Jesus, a cujo Seguimento ele jurou ser fiel, quando, ao ser ordenado bispo, respondeu positivamente à pergunta: "A exemplo do bom Pastor, queres ir buscar de volta ao rebanho do Senhor as ovelhas desgarradas?" Até porque cabe ao bispo mais do que ser chefe ("praeesse"), pôr-se a serviço dos mais necessitados ("prodesse"). (cf. Rito de Ordenação Episcopal).

Ao tempo em que trazermos a público nosso protesto, vimos solicitar à CNBB, por meio de suas instâncias competentes, que trate de advertir o Arcebispo da Paraíba com relação às suas manifestas atitudes de descumprimento de sua função de pastor, cuja missão é de reunir o rebanho, não a de espalhar a cizânia, como vem fazendo contra os pobres, na Paraíba.

João Pessoa, 31 de agosto de 2010.

ASSEMBLÉIA POPULAR - CUT/PB - MST - CPT - MPA - MAB - COMUNIDADES QUILOMBOLAS - SINTER - MTC - RECID - REMAR - DCE/UFPB - CEDHOR - SPM - MTD - SAL DA TERRA - MTD -MMM - AMAZONAS - CEBs - STIPDASE - APAN - FPDTAPNE- SINDICATO DOS TRABLADORES DA LIMPEZA PÚBLICA - ESCOLA ZÉ PEÃO - RECID - REMAR - NÓS TAMBÉM SOMOS IGREJA'

 

Fonte: PortalCorreio.com

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