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“A falta de estrutura está desmotivando a gente do ensino em tempo integral”, relata estudante do CEPA

18/03/2018 às 19:03

Matheus Pereira, estudante da Escola Estadual de Ensino Médio Monsenhor Manuel Vieira, escola conhecida por CEPA, relatou a existência de desestímulo dos estudantes que estão tendo que permanecer na escola das 07h00 às 17h00 desde a implantação do ensino integral, iniciado em 2017.

O estudante disse que o Governo do Estado da Paraíba não garantiu a estrutura necessária para que o ensino integral possa proporcionar uma educação minimamente de qualidade. “As salas de aula são quentes e a promessa de colocar ar-condicionado não foi cumprida. O refeitório não foi feito e até a comida é pouca. Além disso a quadra está abandonada, o laboratório é precário e a estrutura de banheiros não oferece local de chuveiros. É desanimador”, relatou Matheus.

Matheus também criticou a falta de movimento estudantil e até dos próprios pais em cobrar uma melhor estrutura de educação pública. “A gente não tem mais nem grêmio estudantil e grande parte dos pais nem procuram saber como está a escola. Alguns pais querem mesmo é que o filho estude, mas como ter desejo de estudar quando nem a estrutura mínima nós temos? Ainda tem gente que diz que a gente tem que estudar de todo jeito, pois bem, é isso que estamos fazendo, mas é triste isso”, desabafou o jovem.

Em 2016, quando o Governo do Estado da Paraíba comunicou que o CEPA seria escola em tempo integral, recebendo o nome de “Escola Cidadã”, a comunidade fez protestos e criticou o Governador Ricardo Coutinho (PSB) pela forma abrupta de implantar o projeto. O governo não escutou o clamor da comunidade escolar e já em 2017, o CEPA passou a funcionar em tempo integral.

Após a celeuma, a Secretaria de Educação do Estado da Paraíba prometeu solucionar alguns problemas estruturais, tais como climatização das salas, melhoria na comida oferecida, adequação dos banheiros, construção de praça de alimentação, dentre outros, porém muito pouco foi feito até o momento.

A senhora Jailda Araújo, mãe do jovem Caio César, que faz o 1ª ano do ensino médio na Escola Estadual Auzanir Lacerda, localizada no Jardim Lacerda, disse que o filho tem quase sempre chegado em casa mais cedo, pois a falta de alimentação é constante. “Para piorar a situação, começaram a pintar a escola com os alunos dentro. Essa semana meu filho chegou com dor de cabeça e com ânsia de vômito. Eu pergunto por que não pintaram essa escola nas férias? ”, comentou.

Vários estudantes acabaram deixando as escolas em tempo integral por falta de estrutura e de condições que permita a permanência por quase 10 horas diárias dentro delas. Devido a evasão das escolas em tempo integral, algumas famílias fizeram esforços para colocar os filhos em escolas da rede privada ou até mesmo em outras do estado que não estão ainda sendo em tempo integral.

As duas maiores escolas privadas da cidade de Patos, Geo e Cristo Rei, viram um crescimento do número de estudantes de forma surpreendente. A Escola Estadual Coriolano de Medeiros também teve um crescimento espantoso no número de estudantes, pois várias famílias fizeram opção de deixar o filho em apenas um expediente escolar, seja por falta de estrutura ou mesmo por ocasião de ajudarem em casa ou terem trabalho no horário oposto ao da escola.

 

 

Por Jozivan Antero – Patosonline.com

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